terça-feira, 26 de outubro de 2010



No começo, eu o admirava por sua força de vontade em ser alguém comum, como eu e você. Então, me vi apaixonada pelo homem que salvara minha vida inúmeras vezes. Às vezes, estranhava amar uma pessoa que havia me levado no colo, enxugado minhas lágrimas infantis e me devolvido à minha família. Apesar de ter idade para ser meu avô, Mick tinha o vigor e a imortalidade de 32 anos.

Depois da morte de Josh, percebi o quanto Mick era importante para mim e que não podia afastá-lo da minha vida. Deixei a decisão nas mãos dele, pois eu acreditava que o que nos afastava não era eu ser humana e ele um vampiro. Eu realmente acreditava que ser vampiro não era o que o definia. A única coisa que nos mantinha afastados era ele mesmo.

Mick percebeu que podíamos tentar. Fazer dar certo um relacionamento fadado ao fracasso quando o limiar do tempo, finalmente, chegasse para mim. Fui uma tola em acreditar nessa fantasia. Por isso, após alguns acontecimentos, onde um amor centenário fora testado, percebi que eu estava errada. Foi quando decidi romper o singelo elo que havia se formado entre nós.

Foi incrivelmente dolorido dizer tudo aquilo e ainda mais quando ele me olhou daquela forma, tão decepcionado e ferido. Mas eu tinha certeza que era o certo. O tempo iria estancar o sangue e uma suave cicatriz ser formaria em nossos corações.

Ele se foi e eu consegui fechar uma porta que pensei jamais ter de fechar. Meu peito agonizava e meus olhos já não podiam mais segurar as lágrimas de dor, saudade e tristeza. Eu mergulharia em uma depressão maior do que aquela que me acometera quando perdi Josh.

Foram tantos momentos juntos! Por mais caminhos diferentes que tomássemos, sempre acabávamos no mesmo lugar. Uma vez Talbot, o promotor, me questionou sobre isso. Na verdade ele me acusou de estar investigando por suas costas e ajudando Mick, pois sempre nos via nos mesmos lugares.

Agora eu estava chorando. Encostada na parede, lembrando de tudo e tentando esquecer. Deixar de lado todo aquele sentimento seria a tarefa mais difícil que eu poderia imaginar. Nem mesmo os 12 trabalhos de Hercules se comparariam a esse único: esquecer Mick St. John.

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Ela tentou se aproximar de mim inúmeras vezes e, eu sempre mantive uma parede entre nós. Isso até me tornar humano e perceber que a queria em minha vida. Infelizmente, protegê-la era algo muito maior e por isso, me tornei vampiro novamente.

Eu havia tirado o peso do mundo das costas e lá estava ele outra vez, dilacerando meus sentimentos e comprimindo meu coração. Ela me disse que o que nos separava não era o fato de eu ser um vampiro e ela não. Ela me disse que era eu o responsável.

Eu queria tentar, queria resolver tudo isso. Mas não era tão fácil fazer quanto era falar. Sabia que ela tinha razão. Sabia que precisava tomar uma decisão e que não podia demorar. As palavras dela ainda eram claras em meus pensamentos “Não demore. Você pode ter a eternidade, mas eu não tenho.”

Mas eu não conseguia tirar do coração a dor que seria perdê-la. Ela havia me perguntado se ela estivesse no lugar de Josh, se eu a transformaria. Nunca disse isso a ela, mas eu não sabia a resposta. No fundo do meu ser, era algo que eu jamais faria. Mas, no calor do momento, ver seus olhos azuis perdendo o brilho, ouvir seu coração cada vez mais fraco, eu realmente não saberia responder àquela pergunta. Ela não era Josh, era minha Beth.

Foi após a morte de um casal de amigos com mais de 150 anos juntos, que enxerguei claramente a verdade. Eu não podia viver sem Beth. Se eu tivesse que mantê-la afastada por todo o tempo que ela tivesse, eu jamais saberia o real significado de amor. Eu precisava experimentar, mesmo que fosse breve.

Infelizmente, o mesmo acontecimento que abriu meus olhos, fechou os dela. Beth percebeu que eu tinha razão. Que nosso relacionamento jamais daria certo. Fiquei tão atordoado que a deixei falando sozinha. Uma força estranha dominou meu coração e eu não consegui ir além do corredor. Ouvi a porta se fechar e a ouvi chorar. Eu sentia o que ela sentia. Eu precisava do que ela precisava.

Passei tanto tempo me esquivando e não podia mais fazer isso. Reuni forças e voltei. Abri a porta do apartamento e disse que ela sempre esteve certa. Não era sobre mim, sobre ela, era sobre nós e em como iríamos encarar tudo aquilo.

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Ele abriu a porta e despejou palavras cheias de verdades. Eu precisava ter certeza que ele me amava. Emma me dissera que mesmo após 150 anos, ela ainda se lembrava do que Jackson vestia no dia em que ela o conheceu. Era isso que definia o amor que ela sentia, era o que dizia que ela ainda o amava.

Fiz a mesma pergunta para Mick, rezando para ele não saber a resposta. Embora eu desejasse que nosso amor fosse possível, eu sabia que era complicado. Sempre fora complicado.

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Ela me perguntou o que ela estava vestindo na noite que nos re-encontramos. Claro que eu sabia a resposta. Foi a primeira vez que ela me viu e falou comigo. Respondi sem dúvidas e vi seus olhos claros encherem de esperança.

Como eu me lembrava?, questionou ela. E eu respondi o que meu coração sentia.

Ela me beijou e tudo ficou mais vívido. Nada mais importava para mim.

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Eu perguntei o se ele sabia o que eu vestia na noite em que nos re-encontramos. Ele respondeu com tanta certeza que quando percebi já havia perguntado como ele lembrava daquilo.

“Por que eu amo você!” Diante de tal resposta, não pude mais resistir.

O beijei. Mick me abraçou com carinho e cuidado. Tudo ficou mais vívido. Nada mais importava para mim.

Talvez Josef tenha razão em alguma coisa. Talvez o fato de eu ter me transformado em vampiro, tenha sido para conhecê-la.

Talvez o fato de eu ter sido levada por Coraline, fora para que ele percebesse que existe muito mais além do que poderia esperar.

Não podemos dizer o que será de nós daqui para frente. Um futuro cheio de contra tempos é bem provável. Mas caminharemos de mãos dadas. Lutaremos juntos. Sofreremos juntos. E, no fim, o importante é que ficamos juntos.

E, tudo isso finalmente terminou naquela noite. Nossa vida realmente começou após aquele beijo.

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