terça-feira, 26 de outubro de 2010



No começo, eu o admirava por sua força de vontade em ser alguém comum, como eu e você. Então, me vi apaixonada pelo homem que salvara minha vida inúmeras vezes. Às vezes, estranhava amar uma pessoa que havia me levado no colo, enxugado minhas lágrimas infantis e me devolvido à minha família. Apesar de ter idade para ser meu avô, Mick tinha o vigor e a imortalidade de 32 anos.

Depois da morte de Josh, percebi o quanto Mick era importante para mim e que não podia afastá-lo da minha vida. Deixei a decisão nas mãos dele, pois eu acreditava que o que nos afastava não era eu ser humana e ele um vampiro. Eu realmente acreditava que ser vampiro não era o que o definia. A única coisa que nos mantinha afastados era ele mesmo.

Mick percebeu que podíamos tentar. Fazer dar certo um relacionamento fadado ao fracasso quando o limiar do tempo, finalmente, chegasse para mim. Fui uma tola em acreditar nessa fantasia. Por isso, após alguns acontecimentos, onde um amor centenário fora testado, percebi que eu estava errada. Foi quando decidi romper o singelo elo que havia se formado entre nós.

Foi incrivelmente dolorido dizer tudo aquilo e ainda mais quando ele me olhou daquela forma, tão decepcionado e ferido. Mas eu tinha certeza que era o certo. O tempo iria estancar o sangue e uma suave cicatriz ser formaria em nossos corações.

Ele se foi e eu consegui fechar uma porta que pensei jamais ter de fechar. Meu peito agonizava e meus olhos já não podiam mais segurar as lágrimas de dor, saudade e tristeza. Eu mergulharia em uma depressão maior do que aquela que me acometera quando perdi Josh.

Foram tantos momentos juntos! Por mais caminhos diferentes que tomássemos, sempre acabávamos no mesmo lugar. Uma vez Talbot, o promotor, me questionou sobre isso. Na verdade ele me acusou de estar investigando por suas costas e ajudando Mick, pois sempre nos via nos mesmos lugares.

Agora eu estava chorando. Encostada na parede, lembrando de tudo e tentando esquecer. Deixar de lado todo aquele sentimento seria a tarefa mais difícil que eu poderia imaginar. Nem mesmo os 12 trabalhos de Hercules se comparariam a esse único: esquecer Mick St. John.

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Ela tentou se aproximar de mim inúmeras vezes e, eu sempre mantive uma parede entre nós. Isso até me tornar humano e perceber que a queria em minha vida. Infelizmente, protegê-la era algo muito maior e por isso, me tornei vampiro novamente.

Eu havia tirado o peso do mundo das costas e lá estava ele outra vez, dilacerando meus sentimentos e comprimindo meu coração. Ela me disse que o que nos separava não era o fato de eu ser um vampiro e ela não. Ela me disse que era eu o responsável.

Eu queria tentar, queria resolver tudo isso. Mas não era tão fácil fazer quanto era falar. Sabia que ela tinha razão. Sabia que precisava tomar uma decisão e que não podia demorar. As palavras dela ainda eram claras em meus pensamentos “Não demore. Você pode ter a eternidade, mas eu não tenho.”

Mas eu não conseguia tirar do coração a dor que seria perdê-la. Ela havia me perguntado se ela estivesse no lugar de Josh, se eu a transformaria. Nunca disse isso a ela, mas eu não sabia a resposta. No fundo do meu ser, era algo que eu jamais faria. Mas, no calor do momento, ver seus olhos azuis perdendo o brilho, ouvir seu coração cada vez mais fraco, eu realmente não saberia responder àquela pergunta. Ela não era Josh, era minha Beth.

Foi após a morte de um casal de amigos com mais de 150 anos juntos, que enxerguei claramente a verdade. Eu não podia viver sem Beth. Se eu tivesse que mantê-la afastada por todo o tempo que ela tivesse, eu jamais saberia o real significado de amor. Eu precisava experimentar, mesmo que fosse breve.

Infelizmente, o mesmo acontecimento que abriu meus olhos, fechou os dela. Beth percebeu que eu tinha razão. Que nosso relacionamento jamais daria certo. Fiquei tão atordoado que a deixei falando sozinha. Uma força estranha dominou meu coração e eu não consegui ir além do corredor. Ouvi a porta se fechar e a ouvi chorar. Eu sentia o que ela sentia. Eu precisava do que ela precisava.

Passei tanto tempo me esquivando e não podia mais fazer isso. Reuni forças e voltei. Abri a porta do apartamento e disse que ela sempre esteve certa. Não era sobre mim, sobre ela, era sobre nós e em como iríamos encarar tudo aquilo.

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Ele abriu a porta e despejou palavras cheias de verdades. Eu precisava ter certeza que ele me amava. Emma me dissera que mesmo após 150 anos, ela ainda se lembrava do que Jackson vestia no dia em que ela o conheceu. Era isso que definia o amor que ela sentia, era o que dizia que ela ainda o amava.

Fiz a mesma pergunta para Mick, rezando para ele não saber a resposta. Embora eu desejasse que nosso amor fosse possível, eu sabia que era complicado. Sempre fora complicado.

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Ela me perguntou o que ela estava vestindo na noite que nos re-encontramos. Claro que eu sabia a resposta. Foi a primeira vez que ela me viu e falou comigo. Respondi sem dúvidas e vi seus olhos claros encherem de esperança.

Como eu me lembrava?, questionou ela. E eu respondi o que meu coração sentia.

Ela me beijou e tudo ficou mais vívido. Nada mais importava para mim.

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Eu perguntei o se ele sabia o que eu vestia na noite em que nos re-encontramos. Ele respondeu com tanta certeza que quando percebi já havia perguntado como ele lembrava daquilo.

“Por que eu amo você!” Diante de tal resposta, não pude mais resistir.

O beijei. Mick me abraçou com carinho e cuidado. Tudo ficou mais vívido. Nada mais importava para mim.

Talvez Josef tenha razão em alguma coisa. Talvez o fato de eu ter me transformado em vampiro, tenha sido para conhecê-la.

Talvez o fato de eu ter sido levada por Coraline, fora para que ele percebesse que existe muito mais além do que poderia esperar.

Não podemos dizer o que será de nós daqui para frente. Um futuro cheio de contra tempos é bem provável. Mas caminharemos de mãos dadas. Lutaremos juntos. Sofreremos juntos. E, no fim, o importante é que ficamos juntos.

E, tudo isso finalmente terminou naquela noite. Nossa vida realmente começou após aquele beijo.
Título: Fugitivos do hospício no Msn
Autoras: May e Ana
Shipper: Luna, Gina, Harry, Draco, Pansy, Romilda, Goyle e Cedrico
Gênero: Tentativa de comédia

Nota: Essa história foi escrita na casa da Ana enquanto deveríamos estar estudando História I! Baseada em conversas reais. Enjoy! =D

Essa história conta a conversa de 8 pessoas, 8 amigos, em uma noite. Antes de você se deleitar nessa história, você precisa de uma pequena introdução.

Luna é a melhor amiga de Harry e este é apaixonado por ela, que por sua vez era apaixonada por Draco. Gina é a melhor amiga de Luna e já foi apaixonada por Cedrico e agora foge de Goyle, que é amigo de Harry e Draco. Romilda e Pansy são amigas de Luna e Gina. Pansy é a melhor amiga de Draco, que já pegou a Romilda e agora quer a Luna. Cedrico era um grande amigo de Draco, mas quando ficou com Luna essa amizade se rompeu. Ced se interessou por Gina, mas era um bunda mole e a perdeu. Ufa!

. Gina Weasley - Se eu quisesse um espantalho na minha plantação eu te chamava G. - entrou no msn

Luna Lovegood - Deixa Fudê - says: Gii \o/Amigaa! Tudo bom?
Gina Weasley - Se eu quisesse um espantalho na minha plantação eu te chamava G - says: Luuh! Tudo amiga e você?
Luna Lovegood - Deixa Fudê - says: Tudo na paz! Você não sabe! O Neville me chamou pra sair!
Gina Weasley - Se eu quisesse um espantalho na minha plantação eu te chamava G - says: OMG! E ai? O que você respondeu?
Luna Lovegood - Deixa Fudê - says: Que não, é claro! Ele é um chato de galocha. Eu tinha tomado muito uisque de fogo. Que vergonha amiga!
Gina Weasley - Se eu quisesse um espantalho na minha plantação eu te chamava G - says: Tenso! O Goyle me mandou um scrap no orkut. Ninguém merece! ¬¬
Luna Lovegood - Deixa Fudê - says: Credo! Ele é nojento! Será que ele não tem noção?

. Pansy Parkson - Eu sou linda, absoluta, eu sou a Paansy! - entrou no msn

Luna Lovegood - Deixa Fudê - says: A Pan entrou! Vou adicionar ela na conversa.

. Pansy Parkson foi adicionada na conversa.

Pansy Parkson - Eu sou linda, absoluta, eu sou a Paansy - says: Fala meninas! Qual é o babado? Quem tá pegando quem?
Luna Lovegood - Deixa Fudê - says: Amiiga! Você não perde tempo, heim? HUAHUA! O Neville me chamou pra sair! Socorro! Nunca mais bebo!
Pansy Parkson - Eu sou linda, absoluta, eu sou a Paansy - says: KKKK. Você sempre diz isso depois de beber. Normal... Mas é CLARO que você disse não, né?
Gina Weasley - Se eu quisesse um espantalho na minha plantação eu te chamava G - says: Com certeza que ela disse não. Nossa Luna pode ser lunática, mas biruta ela ainda não é. Você acredita que o Goyle me persegue até hoje? Socorro!
Pansy Parkson - Eu sou linda, absoluta, eu sou a Paansy - says: Tadinhaa! Mande ele se enroscar em um canto e morrer!

. Draco Malfoy - O impossível só demora mais um pouco - entrou no msn
. Draco Malfoy foi adicionado na conversa

Luna Lovegood - Deixa Fudê - says: Quem chamou esse idiota na conversa?
Draco Malfoy - O impossível só demora mais um pouco - says: Onde é o incêndio! Nem entrei direito.
Luna Lovegood - Deixa Fudê - says: Pode sair então. Ninguém quer você aqui.
Gina Weasley - Se eu quisesse um espantalho na minha plantação eu te chamava G - says: Ui! Draco mal entrou e já ta se ferrando!
Pansy Parkson - Eu sou linda, absoluta, eu sou a Paansy - says: Acabando o barraco, a Romilda escreveu no twitter dela que mudou de msn. Adiciona ela aí: romildinha29@hotmail.com
Draco Malfoy - O impossível só demora mais um pouco - says: Ah, eu já adicionei.
Luna Lovegood - Deixa Fudê - says: É claro! Se tratando de mulher você logo mexe essa bunda sedentária.
Draco Malfoy - O impossível só demora mais um pouco - says: Tá com ciúmes, Luninha?
Gina Weasley - Se eu quisesse um espantalho na minha plantação eu te chamava G - says: Homem é tudo igual mesmo.
Draco Malfoy - O impossível só demora mais um pouco - says: Se homem fosse tudo igual, mulher não escolhia tanto.
Luna Lovegood - Deixa Fudê - says: Geeente, o Draco é diferente!
Draco Malfoy - O impossível só demora mais um pouco - says: Viu? Sou demais!
Luna Lovegood - Deixa Fudê - says: Ele é mais escroto que todos.
Gina Weasley - Se eu quisesse um espantalho na minha plantação eu te chamava G - says: Luna 1 x Draco 0


- um dia eu termino o resto -


Pelo que me lembro, cometi dois grandes deslizes em minha vida, não os chamo de erros, pois geralmente os erros são ações que fazemos e nos arrependemos, mas não me arrependo das coisas que fiz, convivo perfeitamente com eles e não imagino a minha vida diferente do que é agora.

“Quem te viu quem te vê”, dizem os trouxas. Uma frase com bastante sentido quando direcionada a pessoa certa, mesmo com a pouca reflexão o sentido da frase é entendido facilmente. Sou um exemplo de que aquilo é a mais pura verdade, mesmo que aqueles que me conhecem desde a minha infância e adolescência não falem isso na minha cara.

Enchia o peito e meus lábios formavam um sorriso vitorioso sempre que erguia a manga de minha camisa, deixando visível aquela tatuagem negra em forma de cranio com uma serpente saindo de sua boca. Aqueles a quem eu chamava de amigos me davam apoio, mas quem não tinha seus objetivos voltados as artes das trevas como nós na época, a reação seria diferente ao ver a marca em meu braço: se afastaria a passos largos, os olhos arregalados mostrariam o medo que sentiam.

No começo, a idéia de matar e torturar, todos aqueles que eu odiava apenas para sentir prazer e diversão ao ouvir seus gritos desesperados e os soluços em meio a lágimas me agradava. Pensava em matar todos aqueles quem, de certa forma, eram importantes para a vida deles, apenas para vê-los entrar em uma forte depressão, implorando por sua morte.

Os gritos que eu arrancaria das cordas vocais de quem possuía meu ódio seriam o timbre dos instrumentos, os pedidos de uma morte ou uma salvação seria as letras das musicas; eu seria o maestro, quem comandava á todos no teatro que representava a Inglaterra ou, talvez, o resto do mundo também.

Eu sempre sonhei alto, tinha de admitir isso, e talvez foi por causa desses sonhos que a minha queda foi tão dura.

Havia algo errado com meus planos, eu não tinha o sangue frio o suficiente para lançar um Crucio em alguém, se o fazia, mal conseguia olhar a pessoa se contorcer no chão. Também não conseguia ver as pessoas morrerem, nem lentamente enquanto os seus olhos arregalados perdiam o brilho e o sangue escorria para fora de seu corpo e nem com um Avada; vê-los dar o ultimo suspiro e o ultimo olhar antes da morte me fazia pensar em qual seria a lembrança que eu levaria daquele mundo quando a minha alma deixasse meu corpo caminhando em direção das chamas ou da luz em meio ao azul do céu. Provavelmente, minha alma iria caminhar em encontro das chamas dançarinas e fumegantes e do cheiro de milhares de corpos apodrecidos, era essa a minha conclusão toda a vez que pensava no assunto.

Meu corpo foi enfraquecendo á medida que os meus objetivos fugiam de mim como um cachorro sarnento foge da carrocinha. Ao invés deles continuarem comigo, morderem à mim, se afastavam cada vez mais. Tentava me agarrar a eles novamente, mas caída de joelhos toda a vez que chegava perto, sentia o gosto amargo daquilo, mas não passava daquilo.

A pele abaixo de meus olhos ficavam cada vez mais escuras, decidi tentar mudar os meus objetivos, correr atrás de algo que não conseguiria era uma perda de tempo e energia, tive de admitir isso á mim mesmo. Logo, não tinha mais o meu objetivo inicial de matar e torturar, aquilo não melhoraria a minha vida em aspecto nenhum, não me faria mais rico e nem mais saudável, teria uma rápida recompensa para mim ao me livrar dos malditos, mas logo aquela sensação de dever cumprido seria esquecida pela a perseguição das pessoas atrás de justiça. Não tinha medo de ninguém e até hoje é isso, era apenas uma questão de mudar os objetivos de minha vida.

Juntar-me com o bruxo das trevas mais poderoso não considero como um erro, apenas uma faze ilusória de uma vida que pensei me tornar quase um Deus vivo. Mas foi nessa faze de minha vida que cometi o meu primeiro deslize.

Nunca me importei com ela, ás vezes, nem me lembrava que ela existia. Para mim, Luna Lovegood era tão importante quanto uma formiga; não me importava em nada se ela existia, estava viva, se nunca chegara a nascer ou morrera. Se alguma vez me lembrei de seu nome, fora porque ela andava com Potter.

Também não me importei nem um pouco se em Dezembro de 97 ela fora seqüestrada pelo os comensais e ficara na minha mansão até a época da páscoa. Liguei a mínima se ela estava sendo mal-tratada ou não, se ela estava com medo encolhida no porão ou não, e eu nunca havia sequer prestado atenção de como ela era fisicamente. Se me perguntasse na época como Luna era, eu não saberia nem responder se seu cabelo era loiro.

Por um motivo que não sei ao certo, em meio aquela correria em Hogwarts, ela me chamara a atenção. Não se destacava em meio a feitiços por ser a fonte daquele poder, não, pelo o contrario, estava caída no chão, inconsciente.

Sei que a segurei em meus braços, carregando-a para longe da batalha, mas não me lembro ao certo de como consegui carregá-la e, ao mesmo tempo, me desviar com tanta facilidade dos feitiços lançados contra mim. Ainda a envolvendo nos braços, sentei-me longe de tudo e todos, apenas com ela. Passei a mão de leve sobre um ferimento em sua testa, paravelmente uma pedra ou algo do gênero a acertara, fazendo perder a consciência. Tive vontade de protegê-la, não sei bem porque, mas quis a protegê-la de todo o mal que existia no mundo, mas devia mesmo era ter me afastado dela, afinal, e u era um mal, era comensal.

Os seus olhos foram abrindo devagar, as pálpebras um pouco tremulas. Eram azuis. Fora a primeira vez que percebi os olhos dela; eram de um azul bem profundo, mesmo que brilhassem com um certo desconcerto ao me ver, eu poderia ficar os admirando para o resto de minha vida.

Foi ai que cometi o meu primeiro deslize, enfraqueci perante dela, sentir-me rebaixado com ela, senti que queria ficar com ela para o resto de meus dias.

Minha pequena, era assim que a chamava e é assim que a chamo até hoje. Comecei a chamá-la dessa forma quando realmente vi que a nossa paixão nos levaria a algum lugar, quando vi que os olhos dela possuíam felicidade toda a fez que me via. Não a chamava de pequena apenas por sentir-me um gigante ao lado dela, mas também pelo o jeito inocente com que tratava as coisas. Eu ria toda a vez que ela comentava que os Weenkeys iriam dominar o mundo com a sua inteligência. Se eu fosse o antigo eu, teria preconceito dela, afinal, ás vezes as coisas que ela fala não tem muito sentido; mas aprendi a conviver com aquilo, cheguei a pensar algumas vezes que o que ela falava chegava a fazer sentido. Sendo verdade ou não, fazendo sentido ou não, já não vivo longe de suas historias.

Foi com ela que cometi o meu segundo deslize, deixei-me me agarrar a algo que eu não consigo largar, deixei-me amar, me tornei fraco novamente. Aquele bebê mudou minha vida novamente, assim como a mãe dele fez comigo. Recordo que desde o momento de sua gravidez, eu me senti outro, me renovei novamente. Meu toque quente na barriga de Luna o fez se mexer, nossos olhos brilharam com a vida que crescia no ventre dela.

Me sinto diferente perante eles, parece que ambos me controlam, mas sei que a única coisa que me controla é meu coração, já que nele eu não posso mandar e acho que nunca mandarei.

Sei que por mais que eu passe anos percorrendo esse mundo, meu passado e meus desejos antigos ainda estarão comigo, por mais que tente escondê-los eles permaneceram.

As pessoas mudam assim como os dias; pode ser uma mudança lenta como a evolução do homem ou rápida como a chama que consome uma casa banhada no álcool. Como característica, a mudança pode ser para melhor ou pior, depende de quem é o crítico. O amor muda um homem; se antes eu não queria ser aquele eu assassino e torturador, agora, com eles, menos ainda. Não quero ser quem eu era antes, ou talvez aquele Draco não queria retornar.



The End


Todos os Cullen estavam na sala rindo de alguma trivialidade. Rosalie estava parada, olhando todos. Ela não sorria. Seus pensamentos estavam longe. Edward olhou-a. Os olhos dele encontraram os dela, provavelmente ele estava lendo sua mente.

Rose saiu da sala e viu que Jacob estava sentado na grama com Renesmee adormecida em seu colo. Ela se aproximou deles e Jacob lhe lançou um olhar de surpresa. O relacionamento dos dois eram baseado em ironias, olhares raivosos, frases duras.

Ela se sentou no chão. Mesmo com as divergências, era bonito ver Jake com Nessie. Eram perfeitos um para o outro.

- O que a loura assassina quer? - ele indagou, acomodando Nessie no colo.

- Fica calado, cachorro fedorento - Rose não queria admitir, mas ficar ao lado de Jake a acalmava. Ele se sentia deslocado, como ela.

Um silêncio recaiu sobre eles e Rosalie deitou na grama. No momento não importava se seu cabelo iria ficar sujo, nem o cheiro de lobo. Algumas coisas que a incomodavam pioraram depois da vinda dos Volturi e ela precisava se afastar durante um tempo, sem ter Edward lendo sua mente e Jasper manipulando seus sentimentos.

- Obrigado - Jacob sussurrou, olhando para ela.

Se ele não tivesse olhando para Rosalie com tanta intensidade, ela acharia que ele estava falando sozinho.

- Isso é alguma piadinha, lobo sarnento? Você está agradecendo eu não ter arrancado sua cabeça?

- Cala a boca - ele lançou um olhar raivoso. Respirou fundo e então seu olhar se suavizou - Não torne isso pior. É difícil falar - ele respirou mais uma vez, dessa vez mais fundo - Obrigado por ter cuidado da Bella e protegido Nessie, quando todos queriam que ela não nascesse, inlusive eu. Sei que já passou bastante tempo, mas acho que precisava agradecer.

Rosalie, para enorme descrença de Jacob, sorriu. Um sorriso pequeno, mas verdadeiro, deixando a hostilidade esquecida. Ambos já estavam fartos disso.

- Tudo bem, só fiz o que achava certo.

Jacob não achou que ela iria reagir de uma forma tão passiva. Quando ela sorriu, Jacob percebeu que por trás daquela máscara de propotência e arrogância, havia alguém que fingia.

Seus instintos apitaram quando ele estava formulando uma pergunta. A pequena trégua entre eles estava prestes a acabar.

- Você ajudou a Bella só pela criança, não é?

Rosalie arqueou as sobrancelhas e deu uma risada fria.

- Até você acha isso? - ela desviou o olhar - Isso não deveria me surpreender. Eu não ajudei a Bella só pela Nessie. Eu ajudei a Bella porque era o desejo dela. Ela queria essa criança. Ninguém entendia esse desejo dela. Carlisle nos tem como filhos. Jasper e Edward nunca haviam pensado em crianças. Emmett é um bobão, já é um bebê. Esme nos tem como substitutos para seu filho que morreu. Alice não tem lembranças de sua vida humana. Sou a única que sofre por não poder ter filhos. Eu era uma pessoa muito fútil, ainda sou, mesmo que já tenha superado um pouco. Sempre me imaginei casada, morando em uma mansão, com luxo e empregados para satisfazarem todos os meus caprichos. Isso mudou quando vi uma amiga. Ela se casou com um homem simples e eles tinham um bebê. A criança era tão encantadora e eles pareciam tão felizes, que eu, uma pessoa que me acostumei com todos me invejando, senti inveja pela primeira vez. Quando Carlisle me salvou e eu me vi pela primeira vez no espelho, me senti a mulher mais feliz do mundo. Eu tinha uma beleza incomparável, ninguém era tão linda quanto eu, mas quando percebi que nunca seguraria um bebê gerado do meu ventre, amaldiçoei essa vida. Tenho a eternidade inteira para sofrer, mas isso é um problema meu. Não ache que Nessie é uma substituta. Eu a amo muito e sei que ela não é minha filha.
Ajudei Bella para que ela nunca tivesse arrependimentos. Que ela viraria vampira era um fato, então eu só queria que ela tivesse sua eternidade em paz. Seu feliz para sempre.

Jacob então conseguiu entender todas as atitudes malucas de Rosalie durante e curta gestação de Bella, mas sua mente, acostumanda a detestá-la, estava em processo de negação. Ele estava procurando algo que mantivesse sua visão.

- Mas você nunca gostou da Bella! - Jacob exclamou, exasperado.

- Jacob, nunca tive nada contra ela. No começo eu invejei a humanidade dela. Depois fui infantil ao ficar emburrada por Edward achá-la mais bonita e por fim não aceitava que ela abandonasse tudo que ela tinha para se juntar a essa vida. Não percebe como somos parecidos?

- Parecidos? Como assim?

- Pense, Jacob! Eu não gostava que uma humana conhecesse nosso segredo. Você não gostava de nós, vampiros, porque também conhecíamos seu segredo.

- Mas vocês são sanguessugas! Somos inimigos desde sempre!

- E você acha que todos os lobisomens são bonzinhos? Que nunca cometeram atrocidades? Não seja ingênuo. Não caia em um lugar-comum. Sei que você é muito mais inteligente que isso. Quem escreveu que lobisomens são inimigos dos vampiros? Quando isso começou? Ninguém sabe! Nós não matamos humanos, nos alimentamos de sangue animal. Tanto você quanto eu não queríamos que Bella virasse humana e perdesse sua humanidade. Você detestava ser lobisomem tanto quanto eu detestava ser vampira, mas nos acostumamos. Você se sente deslocado na sua matilha, eu me sinto deslocada no meu clã.

- Você se sente deslocada? - Jacob estava surpreso por perceber que ela estava certa, havia várias semelhanças entre ele e Rosalie, inclusive o gênio.

- Sim, eu me sinto. Você acha que se eu sumisse hoje, alguém sentiria minha falta? Não, não sentiria. Sou sempre a narcisista, mal-humorada, egoísta, que reclama dessa vida. Não tenho tempo para palavras doces e demonstrações de afeto. Por pior que seja, sou assim. Edward sempre me detestou. Desde o início foi contra minha transformação. Alice e Jasper me aturam. Carlisle tem pena de mim. Esme seria a única que sentiria um pouco a falta, mas ela tem tantos filhos que logo esqueceria. Bella não faz questão da minha presença. Nessie tem várias pessoas para mimá-la. - Rosalie olhou para Jacob e ele entendeu o motivo para a inquietação que via nos olhos dela.

- E o Emmett? Ele não é seu marido? Não te ama?

- Emmett é tão feliz infantil que logo se recuperaria. Seria só alguém chamá-lo para uma queda de braço ou para apostar quem quebra mais troncos em menos tempo. Me sinto indesejada, deslocada, como se não me encaixasse nesse mundo. A menina loba, Leah, acho que também se sente assim. A única mulher em uma matilha de homens, não podendo gerar filhos, vendo o homem que ela gosta com outra. Por isso ela é tão amarga. Ela pode não agir da melhor forma, mas pode ter certeza, ela faz o melhor que ela pode. A pior solidão é quando se está acompanhado, Jacob.

Jacob, mesmo com seu jeito selvagem e ríspido, não conseguia se sentir imune a intensidade dos sentimentos de Rosalie. Ele sempre viu vampiros como inimigos e hoje são parte de sua família. Sempre achou que seria apaixonado por Bella, mas não consegue ver mais ninguém que Renesmee na sua vida.

Sempre achou Rosalie ridícula, todavia, depois dessa conversa e de vê-la todos os dias, cuidando de Nessie e observando o carinho com que ela olha para sua família, não tinha como negar que ela era humana, mesmo sendo vampira.

- Rosalie, Nessie é maluca com você. Ela adora quando você conta histórias, quando você penteia o cabelo dela, quando vocês duas saem para caçar. Se você fosse embora, ela ficaria inconsolável e mandaria todos em uma missão de busca. Se você fosse embora, pra quem eu contaria minhas melhores piadas de louras? Quem eu jogaria comida no cabelo? - Jacob deu uma risada e Rose sorriu.

- Como você ousa dizer que eu te aturo? - Alice apareceu junto com Jasper, com uma cara séria - Você é a melhor Barbie para as minhas criações e ainda tem a vantagem de ser em tamanho real, articulada e com um cabelo muito mais bonito! - Alice sentou-se no chão, ao lado de Rose - Só você nessa casa tem senso de moda. Ninguém substitui você.

- Rose, você é a melhor pessoa para estar perto - falou Jasper. Quando Rosalie fez uma cara de quem não entendia, ele explicou - Você é sempre tão calma e constante, em comparação aos outros, que é um alívio ficar do seu lado. Você é a irmã que mais me entende, que sempre me ajudou a me integrar, que sempre me defendeu e ficou do meu lado quando eu cometia deslizes. Se você fosse embora, eu iria atrás de você, com certeza!

- Você precisa arrumar um Ken melhor. O Emmett é bobo demais. Daqui a pouco ele vai querer usar as minhas roupas! - nesse instante, todos riram - Jasper, você iria atrás de mim porque não aguentaria viver com esse bando de loucos. Sou a mais normal, mesmo que não aparente isso.

- É só falar, que incha o ego dessa criatura! - Jacob comentou e novamente todos riram.

Esme, junto com Carlisle, Edward e Bella também se juntaram ao grupo.

- Rose, você não acha de verdade que eu esqueceria você, acha? - Esme, com seu rosto em formato de coração, olhava Rosalie da forma como uma mãe olha uma filha - Nunca, nunca, nunca, nunca ninguém vai tomar o espaço que você tem no meu coração. Ele está morto, mas ele vai se multiplicando, porque cada um de vocês tem um coração dentro de mim e eu sinto esses corações baterem. Eu te amo muito, Rose.

Rosalie levantou e abraçou Esme. Sua mãe já havia morrido há anos e Esme era tão boa e tão amorosa, sempre ouviu quando Rosalie quis lhe contar alguma coisa, quer ver os olhos de Esme inseguros fez com que se sentisse a pior das vampiras do mundo.

- Eu também te amo, mãe.

- E não ama seu pai, não? - Carlisle sorriu - Sua teimosia é enorme! Que idéia besta de dizer que eu tenho pena de você! Ou que ninguém ligaria se você sumisse? Mocinha, nunca fiz isso em mais de 90 anos que sou pai, mas vou colocá-la de castigo. Um mês sem espelhos!

Rosalie começou a rir e agarrou Carlisle para outro abraço.

- Pai, me ensinaram que ouvir a conversa alheia é feio, quer que eu aprenda coisas erradas?

- Rose, quando se é vampiro, essas regras não valem - Carlisle comentou, enquanto a abraçava.

- De onde você tirou a idéia maluca que eu te detesto? - Edward perguntou, com um sorriso torto - Você acha que se eu não gostasse de você já não tinha tentado te matar a muito tempo? Se você pudesse morrer, teria se afogado, como Narciso, admirada com seu reflexo. Apesar de tudo, você é a minha irmã e irmãos costumam brigar, se não, qual é a graça? E se você sumisse e nos fizesse ir atrás de você, eu cortaria seu cabelo!

Rosalie sabia que essa era a forma de Edward demonstrar seu carinho.

- Rose, eu me importo muito com você. Tivemos nossas diferenças, você sempre dá um golpe na minha auto-estima, mas essa família nunca seria a mesma sem você. - Bella comentou, segurando o braço de Edward.

- Se a Bella fosse humana, ela com certeza estaria corada agora! - Jacob disse e todos riram.

Rosalie se sentia mais feliz que nunca, mas percebeu que estava faltando alguém. Procurou em várias direções e perto da floresta, avistou Emmett. Ela sorriu pra ele, mas o sorriso morreu em seus lábios em questão de milésimos de segundos ao olhar a fisonomia de Emmett.

Ele estava com os olhos meio arregalados e cheios da mágoa. Quando o olhar dos dois se encontraram, ele entrou na floresta. Rosalie saiu correndo atrás dele.

- Emmett, o que está acontecendo com você? Por que você saiu andando?

Ele parou e olhou para ela, bravo.

- Você não precisa de mim, Rosalie! Eu sou só um bobão, infantil!

- Emmett, quer ser razoável?

- Razoável como, Rose? Você sempre detestou ser vampira. Sempre deixou claro que largaria tudo para ter um filho. Como eu fico nessa história toda? Eu não ligo de largar tudo pra ficar com você! Passaria pela dor da transformação quantas vezes fosse necessário só para ter você do meu lado e você diz que se sumisse eu iria superar em uma queda de braço! Eu não tenho espaço na sua vida. Estou cansado de ser visto só como a criança da família. Eu também sinto.

- E o que você sente agora? - Rosalie fitou-o intensamente.

- Que eu te amo. Que por mais que você me magoe, eu amo você sempre mais.

Rosalie abraçou Emmett e sussurrou no seu ouvido:

- Me perdoe, meu amor. Sei que não sou a mulher perfeita pra você, mas você é o melhor vampiro do mundo. O meu vampiro.

- Sempre, sempre seu. Por toda a eternidade. Você nunca vai estar sozinha. Rose, quando eu era humano, não acreditava que amaria uma pessoa da forma como eu te amo hoje. Se eu são tão infantil é pra fazer você rir, para que você não fique triste. Eu passei 20 anos sem você e me arrependo de não ter ter ficado esse tempo com você, agora quero recompensar esse tempo passando a eternidade do seu lado. Mesmo que você pense em desistir, eu não vou deixar você cair e se você estiver com alguma dor, vou segurá-la nos meus braços até passar. Não há nada que eu precise, só você. Quando toda esperança estiver desaparecida, eu vou te ajudar a continuar. Vamos viver cada dia como se fosse único e eu estarei aqui, seguindo sempre com você.

Mesmo sem lágrimas, Rosalie chorava. Ela apertou Emmett junto de seu corpo.

- Fiquei com tanto medo de te perder. Tenho tanto medo de que você se canse de mim, que, às vezes, eu quero me afastar. Eu tenho medo de fazer mal pra você. Você é a única coisa que ainda me prende aqui. - Te amo - Rosalie disse, antes de beijar Emmett.

- Também te amo, minha Rose. - Emmett sorriu. Havia algo mais nesse sorriso - Já que eu sou uma criança, eu quero brincar. - ele lançou um olhar pervertido.

- Brincar de que, meu ursão?

- De Barbie e Ken, mas uma versão para maiores de 50 anos - eles riram e Emmett agarrou Rosalie, levando-a para casa, rumo ao quarto.

- Preparem os ouvidos e tirem as crianças da casa, que o casal já se reconciliou - comentou Edward.

Enquanto Rosalie, no colo de Emmett, passava por toda sua família, seu olhar encontrou o de Jacob e ela murmurou:

- Obrigada.


Angel - Anjo
Put sad wings around me now - Ponha suas tristes asas sobre mim
Protect me from this world of sin - Me protega deste mundo de pecados
So that we can rise again - Então assim podemos levantar novamente


Na janela do corujal, sentado na janela, eu a vi.

Ela estava correndo descalça, com seu cabelo ao vento, seu amuleto de rolha de cerveja amanteigada balançando. Ela brincava na beira do lago sozinha, atrás de um ser que só ela via.

Foi quando eu notei sua presença e eu fiquei me perguntando: " Como eu nunca a vi?". Nesse instante eu me toquei. Eu conhecia ela! Essa menina ficou no porão da minha casa!

Mas eu não compreendia, como nunca tinha reparado nela antes?


Oh angel - Oh, Anjo
We can find our way somehow - Nós podemos encontrar nosso caminho de algum modo
Escaping from the world we're in - Escapando deste mundo em que estamos
To a place where we began - Para o lugar onde começamos


E um dia, eu criei coragem e perguntei e ela.

Ela sorriu pra mim e disse: " Porque você não enxerga de verdade. Você pode ver que o céu é azul, pois é uma coisa que você aprendeu, mas você não enxerga isso. Você me vê como uma doida com cabelos bagunçados e eu enxergo a doçura no seus olhos, que você esconde atrás da tristeza e incerteza."

Mas ela estava errada. Eu enxergo o céu. Ele está contido nos olhos dela. Eu não a vejo como uma doida e sim como uma sábia, porque em um mundo que é normal matar e torturar, ela vê a beleza do mundo. E o cabelo dela não é bagunçado, o vento que é apaixonado com os seus fios e os toca incessantemente.

Quando eu lhe respondi, senti como se o sol penetrasse em seu sorriso. Ele me ofuscou por um momento e preencheu o espaço vazio que tinha no meu coração. Ela, que estava sentada, se levantou e estendeu a mão para mim.

Eu fiquei receoso e desconfiei desse gesto. Por que alguém tão puro iria querer me tocar?

Ela olhou nos meus olhos e se aproximou de mim. Tocou minha face com suas mãos quentes e falou: " Não desconfie das pessoas, isso é tão fácil. Confie, é muito mais bonito. Eu confio em você."

E eu não me segurei, beijei-a. O toque do seus lábios, seu perfume cítrico, a textura da sua pele, tudo me seduziu. Mas depois disso veio o medo que ela me rejeitasse e eu esperei que ela ficasse com raiva, me batasse ou fosse embora.

Abri meus olhos e ela tinha levantado, estendendo a mão pra mim. Dessa vez eu segurei e com esse pequeno gesto, eu me senti segura, como nunca na minha vida.


And I know wee'll find - E eu sei nós iremos encontrar
A better place and peace of mind - Um lugar melhor para paz de consciência
Just tell me that it's all you want - for you and me - Apenas me diga o tudo o que você quer - para você e eu
Angel won't you set me free - Anjo não me deixe livre.


No nosso primeiro encontro, o verão dava seu último suspiro. Resolvemos fazer um piquinique na beira do lago. Esse lugar era muito especial pra mim, quando quando eu a "vi".

Conversamos sobre amenidades e depois passamos para as confissões. Ela me contou sobre a perda da sua mãe e o quanto ela sofreu com isso. O que me surpreendeu foi que ela não deixou de sorrir em nenhum minuto. Era tão bom e tão fácil estar com ela. Era como se sempre estivesse assim.

Eu contei sobre meus medos e tudo que eu passei. Falei das maldades que eu comenti, do meu arrependimento.


Tentei ser o mais frio possível, mas ela, de repente, me abraçou e disse: "Você não precisa forçar. Sorria quando tiver contade, chore quando precisar e não tente carregar o mundo nas costas."

Quando chegou o pôr do sol, ela se levantou e foi para a beira do lago. Ela respirou fundo, abriu os braços e absorveu a paisagem. O vento balançou seus cabelos e ela parecia uma anja. Uma linda anja.

Ela virou ora mim e disse: "É tão bom se libertar. Pena que acabou."

Então eu tibe uma idéia. "Você já voou de vassoura?", e ela respondeu: " Só quando eu era pequena". Eu corri para o armário de vassouras, peguei duas e perguntei: "Quer voar comigo?"

Ensinei calmamente ela a planar vôo e aos poucos, fomos voando mais alto. No começo ela parecia um pouco nervosa, mas ela gargalhava ao voar atrás das borboletas.

Eu sorri e desejei que minha anja nunca me deixasse.


Angel - Anjo
Remember how we'd chase the sun - Recorde-se de como perseguiamos o sol
Then reaching for the stars at night - Alcançando estrelas para a noite.
As our lives had just begun - Nossas vidas apenas começou...


No passeio a Hogsmead, a neve caia e o vento estava muito gelado. Nós andávamos abraçados. Passeamos por todas as lojas e tomamos cerveja amanteigada. Ela me contou sobre a conspiração de narguilés para dominar os viscos de azevinho.

Depois fomos até a Casa dos Gritos e nos sentamos perto de uma árvore. Olhamos para o céu e vimos o sol ir embora: "Mesmo nos dias frios, o sol nos brinca com seu brilho", ela me disse.

Olhei para a paisagem e depois para ela. A neve tirava o brilho dela. "Você adora o sol, né?", perguntei me levantando. "Eu amo", ela respondeu. Estendi minha mão e falei: "Vamos correr atrás do sol, vamos buscar ele."

E saímos correndo em disparada. Corremos, corremos até cansar. Parecíamos duas crianças bobas, mas ficamos alegres. Ela estava feliz.

Nesse mesmo dia, nos jardins de Hogwarts, olhamos o céu e ela estendeu a mão e comentou: "Assim parece que eu alcanço as estrelas. Peguei!"

Ela virou pra mim e e falou: " É pra você! Essa estrela vai iluminar sua noite e clarear sua mene quando estiver confuso".

Mal sabia que era ela quem me iluminava. Minha lua particular, que está sempre brilhando e esconde suas feridas para si.


When I close my eyes - Então eu fecho meus olhos
I hear your velvet wings and cry - Eu ouço suas asas de veludos e choro
I'm waiting here with open arms - Eu estou esperando de braços abertos
Oh can't you see - Você não pode ver?

Angel shine your light on me Anjo, lançe sua luz em mim


Mas atrás do mundo de sonho, existe um mundo realista. Meu corpo impuro, minha alma maculada, não conseguia respirar o mesmo ar que o dela.

Eu não conseguia toca-la. Não conseguia me sentir confortável. Como eu iria ficar com uma anja, maculado pelo pecado?

Na beira do lago, local onde correu nosso primeiro encontro, eu disse que não dava pra gente continuar. Os olhos dele me olharam com tristeza e eu não aguentei, fechei meus olhos e saí correndo.

Fui para o canto mais escuro de Hogwarts e chorei. Chorei por mim, chorei por ela, chorei por perder a única pessoa importante pra mim.

Não fui para a aula de manhã. Resolvi ir no lugar onde tudo começou. Para minha surpresa, ela estava sentada no mesmo lugar onde terminamos. Eu ia embora, quando ela me viu.

Seus olhos pareciam de uma coelinha. Estavam vermelhos. Ela me olhou e eu senti um arrepio na espinha.

Seus olhos estavam selvagens, eles tinham ódio e mágoa.

Ela se levantou e veio na minha direção. "Quem você acha que é?, sua voz era um sussurro fatal. "Quem é você pra me fazer sofrer?". Ela chegou perto. "Eu confiei em você, eu acreditei em você. EU TE ODEIO, DRACO MALFOY!" E assim, ela começou a me dar tapas no meu peito. Eu fiquei parado e ela gritou: "Revida, seu covarde!"

Olhei diretamente para ela e disse: "Sim, eu sou um covarde. Sou uma pessoa corrompida, não posso ficar perto de você. Nada vai mudar o que eu já fiz e quem eu sou. Luna, eu te amo. Te amo mais do que qualquer pessoa no mundo. Você não sabe o quanto você é importante pra mim, por isso mesmo eu devo te deixar. Porque eu não quero que você pague pelos meus erros. Não quero que as portas se fechem pra você! Eu quero que você seja feliz!"

Toquei suavemente seu rosto. "Te amo, minha Luna, meu amor, minha anja!"

"Eu sempre quis saber como é morrer", ela disse, virando de costas pra mim. "Desde que eu perdi minha mãe, eu fiquei pensando na morte. Eu tranquei meu coração, tudo que eu sentia. Não quero que ninguém veja, porque eu não consigo suportar a dor de ser sozinha. Eu sempre sorri, mas dificilmente esse sorriso chegava ao meu coração. Então, eu fiz uma aposta. Eu viveria mais um pouco, como um capricho."

Eu fiquei surpreso com a declaração dela. Nunca imaginei que isso passasse pelo seu coração e eu senti um impulso enorme de abraçá-la, mas eu me contive, para o bem dela.


Oh angel will we meet once more - Oh anjo nós iremos nos encontrar novamente
I'll pray - Eu rezarei
When all my sins are washed away - Quando meus pecados forem perdoados
Hold me inside your wings and stay - Me prenda nas suas asas e permaneça
Oh! angel take me far away - Oh! Anjo, me Leve embora.

"Então você apareceu, Draco, e eu fiz mais uma aposta. Se tivesse alguém que gostasse de mim eu eu gostasse dele, mesmo que um dia eu o perdesse, gostaria de continuar vivendo."

Ela começou a chorar e eu, perdendo o controle, abracei ela por trás. "Eu não tenho mais medo algum, eu só tenho medo de perder você. Eu só tenho medo de sair daqui e nunca mais sentir o que eu sinto quando estou com você. Você falou que não quer que as portas se fechem pra mim, mas eu sou a Di-Lua, eu sou a a doida, filha do editor mais maluco do mundo!"

Eu virei ela pra me olhar e respondi indignado: "Eu não acho que o que você disse é verdade e mesmo que seja, eu não me importo. Nunca me importei e nunca vou me importar, então por favor não repita mais essa bobeira. Eu te amo Luna Lovegood e eu gosto de você por completa!"

E então ela sorriu, me lançando um olhar cheio de significados e eu entendi. Não precisava me preocupar, ela gostava de mim do mesmo jeito que eu dela.

"Obrigado por estar comigo", murmurei antes de beijá-la. Corremos para qualquer lugar e esse se tornaria o mais especial do mundo, porque eu estaria com ela, minha anja.


Put sad wings around me now - Ponha suas tristes asas em mim
Angel take me far away - Anjo me leve para longe.
Put sad wings around me now - Ponha suas tristes asas em mim
So that we can rise again - Então assim podemos levantar novamente


The End

domingo, 19 de setembro de 2010





Título: O tigre e o camaleão - O acordo de uma semana



Vivia olhando para baixo. Não queria que ninguém percebesse a minha existência.


- Oba! Estamos na mesma sala de novo! Que legal! A gente vai poder viajar junto nas excursões! - minha amiga Bella disse.

- Alice! Você tá com a gente também! Que bom né? Eu estava preocupada de ficar sozinha. - Rosalie, minha outra amiga, falou.

- Eh... É! Que bom...

Mais um ano começou. Por que existe essa de mudar de sala? Essa época do ano é um sofrimento para gente acanhada como eu. Minto... Ainda existe uma coisa pior que isso... O 'terror'...

- Oi gente! Me chamo Ronald Watson. Podem me chamar de Ron, Rony ou como bem entenderem. Meu hobby é escutar música clássica.

- Háháhá! Que coisa de velho.

Apresentação. Esse é a pior parte do ano. Olha lá! Como eles conseguem falar com tanta calma na frente dos outros?

- Agora é a vez das meninas. - o professor anunciou.

Oh, não! Estou ficando nervosa! Será que ninguém mais tem medo? Falar na frente das pessoas? Isso é coisa do outro mundo! Ai estou me sentindo gelada, estou suando frio, minha cabeça está zonza, minhas mãos tremem...

NÃO DÁ! NÃO DÁ! NÃO DÁ!


Por que eu preciso me apresentar para a sala? Quem precisa saber quem eu sou?

-Próxima. Alice?

Tentei me levantar da cadeira, mas acabei caindo. É claro que as pessoas riram.

- Ficou nervosa de novo? - perguntou Bella.

- Vo... Você tá bem? - Rose me ajudou a levantar.

Respirei fundo e fui para frente da sala.

- Sou Alice Brandon. Mui... Muito prazer.

Agora, acabaram todos os rituais chatos de começo de ano.

- Muito bem! Você conseguiu. - Rose me parabenizou.

- Obrigada. - É só continuar quietinha que todos vão me esquecer.

No ginásio, eu fui chamada de 'feia' pelo menino que eu gostava. Desde então, não consegui mais levantar o rosto.

- Escuta - Rose falou - A pessoa que senta do seu lado ainda não apareceu desde o começo das aulas, né? - olhei para a carteira vazia do meu lado. - O que será que aconteceu.

- Ah!! Quem senta aí é o Jasper Whitlock, certo? É bom mesmo que ele não venha. Eu já o vi com a galera barra pesada! O cara mete medo, heim? Cuidado. - Bella comentou.

- Hã? Sério? - nossa, que medo de pessoas assim.

Na quarta aula o professor apareceu para fazer um comunicado e trouxe um novo aluno.

- Por motivos familiares, ele está voltando às aulas só agora. Esse é o Jasper Whitlock, colega de sala de vocês.

Deve ser horrível chegar na sala depois. Coitado!! ( fica nervosa tomando as doresdo outro)

- Prazer - Jasper falou com uma voz séria.

Ele andou com um andar firme e se sentou na cadeira. Ele emanava uma aura negativa e todos ficaram pasmos com ele.

- Por favor, pode continuar a aula. - falou, depois de observar que todo mundo olhava ele.
Só posso dizer uma coisa: que medo!

Todas as pessoas da sala ficaram assustadas. Todos olhando curiosos. Mas ele não está à mínima! Como consegue? Se fosse eu, não suportaria esses olhares sobre mim! É melhor eu não me aproximar dele.

E isso aconteceu na primavera.

Como eu voltei a agir de forma extremamente discreta, ninguém mais olhou para mim. O que não acontecia com Jasper. Apesar de ser tão calado e quieto quanto eu, ele não deixou de chamar atenção de todos, como uma figura misteriosa e amedrontada.


O tempo passou...

O verão de foi...

O outono também e chegou o inverno.


-Xi... Já está escuro! No inverno é só atrasar um pouco que fica tudo escuro lá fora. - falei, trancando a porta da biblioteca. - É nessas horas que não é legal ajudar na biblioteca... - Estava tudo escuro e eu estava ficando assustada. - Que medo! Eu vou é voltar correndo para casa.

Saí em disparada quando esbarrei em alguém.

- Aii, ai, ai, ai - essa tinha doído e meus óculos caíram.


- Você está bem? - uma voz me perguntou.

Ai, que vergonha! Estou em cima da pessoa!

- Hã? Ah, sim, estou bem!

Quando fui levantar o rosto vi que havia um homem me encarando.

- MMMMMMEEEE DDESCULPA!

Jasper Whitlock! Ele vai me matar! Tão nova e já vou morrer. Nem terminei os estudos.

Ele colocou a mão no meu ombro. Ai, ele vai arrancar minha cabeça!

- Não se machucou mesmo?

Hã? Será que ele ia se comover?

- Os meus óculos... - comentei, sentindo falta deles.

- Hã? Seus óculos? Eles caíram? - Jasper perguntou. - É melhor procurarmos antes que...

CRECK!


Não gostei desse barulho. Estou com um mau pressentimento. Jasper acabou pisando nos meus óculos.

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- Xi...! Isso tá feio. - falou o senhor da loja de óculos e lentes de contato. - A armação também está danificada. E, infelizmente, estamos sem estoque de lentes prontas. Lamento, mas vai demorar uma semana para os óculos novos ficarem prontos.

Senti minha alma ir embora. E agora? Eu sou cega sem meus óculos! Como vou sobreviver sem eles? E sem óculos... Eu vou me sentir completamente pelada!!

- Me desculpe! - Jasper falou. - Foi pura falta de atenção minha. É tudo culpa minha, sinto muito.
Nossa, eu não esperava essa reação.

- Imagina! Não foi isso... Fui eu que estava correndo. E você até pagou meus óculos novos...

- Mas deve estar ruim para enxergar. Como vai ser?

- Bem, dá para enxergar mais ou menos. Só copiar as coisas da lousa é que vai ser impossível...

- Já sei! É só eu servir de olhos para você! Eu serei seus olhos por uma semana. Vou cuidar para que você assista às aulas e ande por aí sem tropeçar. Ficarei do seu lado, garantindo a sua segurança, até que seus óculos fiquem prontos. Deixa comigo!

COMO É QUE É? EU OUVI BEM?

- 2° Dia -

- Alice...Alice tá na hora. Acorde. SEU NAMORADO VEIO TE BUSCAR.

Namorado? Onde? Levantei assustada.

- Poxa... você podia ter contado pra mamãe sobre ele, nééé? E que vergonha fazê-lo esperar na porta, menina!

- Não! Não! Não! Não é nada disso!

- Ah, é? Que pena. Ele até que é bonitinho. Eu gostei dele, viu?

- Eu nem sei que cara ele tem... - nunca encarei ele. Nunca encaro ninguém.

O problema agora não é esse. Caramba. Eu não sei que ele viesse mesmo! E agora o que eu faço?

- Bom dia! - Jasper me cumprimentou.

- Bo... bom dia...

- É interessante acordar com uma missão a cumprir. Faz tempo que não acordo tão cedo. - ele riu.

Parecia uma criança.

E agora? Só de estar ali, ele chama a atenção. Andar com ele significa que eu também vou chamar a atenção. As pessoas vão me ver, vão olhar para mim. VÃO OLHAR PARA MIM!

Como as pessoas conseguem conversar umas com as outras, olhando olho no olho? A gente nunca sabe o que o outro está pensando! Eu tenho medo. Não há como a gente adivinhar o que o outro está pensando de você. Vai saber o que as pessoas falam de você por trás? Eu não tenho coragem para levantar o rosto. Não quero me machucar mais.

- Eaêê, que milagre, Jasper! Andando com uma mina? - um cara com jeito de marginal veio falar com Jasper. - É namorada? Apresenta aí?

Me senti para baixo. Com certeza eles vão rir de mim.

- Nada disso. Vocês são má influência para a Alice. Sai pra lá.

- Qual é?

- Isso não se faz.

- Pô, e a amizade?

- Ah, cuidado com o degrau. - Jasper me segurou e me ajudou a subir os degraus que levam a sala.

Que medo. Os óculos eram uma proteção para mim. Preciso ficar de cabeça baixa, não quero que vejam o meu rosto.

Jasper abriu a porta para mim e eu pensei em fugir antes que todos os olhares viessem na minha direção.

- Alice, cuidado para não tropeçar na porta.

Ah, tarde demais. Todos estavam olhando para mim.

- Ali, o que foi aquilo? - Bella perguntou.

- Uh, estou passando mal com os olhares alheios. - estava suando frio e me sentindo enjoada.

- Servindo de olhos para você, é? Quem o imaginaria dando uma de cavalheiro... É a primeira vez que o vi sorrindo. Mas olho só, vou te confessar uma coisa, heim? To sentindo uma pitada de inveja!

Hã? Ninguém me entende. Elas não fazem idéia do sufoco pelo qual estou passando. Porque ele...

- Esse trecho. Alice leia para a sala. - o professor pediu.

- ALICE, É A PÁGINA 168, VIU? Jasper gritou. Eu não sabia onde enfiar minha cara.

Ele não tá nem aí com as pessoas ao redor! Eu não quero chamar a atenção! Eu não quero chamar a atenção.

- Algum problema? Por que me puxou aqui para conversar? - Jasper perguntou. Eu precisei chamar ele para uma conversa.

- Escuta. Sabe eu fico muito grata de você querer me ajudar, mas acho que eu estou bem... O resto eu posso pedir para as minhas amigas e elas podem me emprestar o caderno delas.

- Ah, imagina. Não gostaria que acontecesse algum acidente com você. Além disso, deve-se sempre ser gentil com as damas! - Jasper era gentileza pura.

- Hã? Mas... mas minha amiga mora perto de casa e não tem tanto perigo assim... - Que história de dama é essa?

- Ah, entendi. É ruim ter alguém como eu rondando à sua volta, né? - ele parecia meio triste.

Então, vou tentar não chamar a atenção. Mas quero que me deixe cumprir a promessa que fiz, tudo bem?

Não é isso. Eu não falei com essa intenção...

- Próximo! Página 130, Alice!

- EU LEIO, PROFESSOR! PODE DEIXAR QUE EU LEIO!! - Jasper gritou acenando. - PROFESSOR EU! EU!

- Ah, se faz tanta questão - o professor parecia assustado.

- Jasper, não adianta, você chama a atenção mesmo! - comentei enquanto ele me levava para casa.

- Hã? Sério? Fiz de novo? Eu nunca percebo essas coisas! Me desculpa! Amanhã eu prometo... - ele parecia envergonhado.

- Sabe, o que eu disse naquela hora não foi por sua causa não. - falei. Ele estava me ajudando e eu tratei ele mal.

- Então, por quê?

Eu não respondi. O Jasper não perguntou mais nada além disso. Parece que ele percebeu que eu tenho meus motivos. Eu morro quando as pessoas me julgam pela aparência, mas eu mesma havia julgado Jasper pela aparência dele. Ele era um rapaz gentil e educado muito mais do que parecia. Fiquei constrangida. Apertei os olhos para olhar discretamente para ele. E realmente, ele era bonito.

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- 3º dia -


Mesmo assim, por mais gentil que fosse a pessoa, tirando uma pequena minoria de amigas, eu sentia um grande pavor em confiar nos outros. O fato de não ser bonita dominava completamente a minha personalidade. Pelas pessoas que eram bonitas, inteligentes e, ainda por cima, gentis, eu sentia complexo e inveja. Ficava boba com algumas outras que não eram tão bonitas, mas tinham cara-de-pau. Por aquelas que eram feias, mas cativavam os outros pela personalidade, chegava a sentir admiração.

Beleza. O problema sempre foi à beleza, Era como se tudo em mim resumia-se nesse rosto que eu tenho. Eu sabia que isso estava errado em mim, mas não conseguia mudar Jasper era muito gentil comigo, mas e se, no fundo, ele me achava feia? Esse pensamento me consumia.

- Jasper, não precisa vigiar a Alice até na sala de aula. Ela tá com a gente! - Rose disse.

Jasper ficava ao meu lado até na hora de comer. O dia estava sendo mais tranquilo, já que ninguém comentava mais.

- Nada disso. Eu não consigo imaginar ficar sem me preocupar, deixando uma dama numa situação desconfortável.

- Dama? Que senso de responsabilidade. Eu achei que você fosse um cara barra pesada, mas não tem nada haver, né? Até que você é simpático. - Rose falou.

- Eu sou um cavalheiro. O meu ideal é i espírito dos cavaleiros medievais. - Jasper mordeu o pão que comia.

- Mas... E aqueles caras que andam com você?

- Eles que vem atrás de mim, achando que eu sou um deles.

- Mas de vez em quando você cheira a cigarro.

- Deve ser o incenso que queimo em casa. Eu sou budista.

- Ah, isso não cola, heim?

- Jasper, você é um sarro!

Apesar de toda a sua gentileza, eu não conseguia nem sequer bater um papo descontraído com ele. Até minhas amigas estavam mais amigas dele do que eu. Que triste.

- Ali, a gente precisa passar na sala dos professores. Vai indo na frente para a aula de laboratório. Jasper, você leva ela?


(Silêncio)


Viu como acaba o papo?

- Posso carregar para você? - Jasper realmente era um perfeito cavalheiro.

- Ah, não precisa. - fiquei sem graça. - Você é diferente mesmo, né Jasper? Geralmente os meninos não costumam ser tão gentis com as meninas.

- Hã? É mesmo? Eu não sou muito ligado no que os outros fazem, sabe? Essa coisa de senso comum.

- Você não liga para o que os outros pensam? Nem um pouquinho?

- Nem um pouquinho. - nessa hora eu levantei o rosto e encarei-o.

Oh! Essa não! Sem querer, olhei para ele! Tô me descuidando, porque não estou enxergando direito.

- Por causa do meu jeito de ser, os marginais da escola pensam que eu sou da laia deles, os professores ficam de olho em mim... Sou sempre prejudicado. Justo eu, o perfeito cavalheiro. - Jasper fez uma cara engraçada.

Mas tenho inveja disso. De não ligar para o que os outros pensam. Eu fico petrificada só de pensar. Se bem que eu acho que o Jasper só consegue ser tão despreocupado porque não tem problema com a aparência dele. Ser bonito traz tantos benefícios. Não consigo evitar pensar assim. Pensando bem, que garota deprimente eu sou.

- Você parece um tigre, Jasper.

- Um tigre?

- Os tigres são animais que vivem sozinhos. Os outros bichos precisam formar bandos para sobreviverem. O tigre consegue se virar sozinho. Ele é forte e destemido.

- Um tigre? Que legal! - ele começou a rir.

Acho que sinto admiração por ele. Por ser tão diferente de mim, uma covarde que só fica olhando para baixo para se esconder. Ah se eu conseguisse ser tão desencanada como ele... Como eu me sentiria livre. Um vento forte tirou os cabelos do meu rosto e trouxe a lembrança que eu vivia escondendo.


- Flashback –


“- Cara! Sabe a Alice? Disseram que ela gosta de você.

- Olha que dedicação. Ela te emprestou o caderno e tudo.

- Putz, mas não podia ser outra não? Ela é tão feia.

- Ha, ha, ha. Que sacanagem cara!"

- Fim do Flashback -



O peso dessa lembrança me fez desabar no chão e as lágrimas que eu contive por tanto tempo escaparam.

- Alice? O que foi? - Jasper perguntou. - Entrou alguma coisa no seu olho? - eu não conseguia responder. - Sabe, eu estava mesmo para te perguntar, por que você sempre esconde o rosto?- quando ele indagou isso começei a chorar mais ainda - Ah, mas se não quiser responder, não tem problema.

- Feia - sussurrei.

- Hã?

- Porque eu sou feia. Me chamaram de feia. Eu adoraria ser como você, mas não consigo. Não sou forte o suficiente para desencanar ouvindo uma coisa dessas.

Nesse instante Jasper pegou meu rosto entre suas mãos e me olhou intensamente.

- NÃO! - eu gritei assustada.

- Será? Eu não acho que você seja feia.

- Mas me chamaram, sim! Disseram que eu sou feia! Então, eu sou feia! Você olhou direito? Não vale mentir porque você é cavalheiro!

- Hum... É que eu fui educado por minha vó, que tinha mais de oitenta anos. Não tenho critérios para avaliar isso. - ele afagou minha cabeça com carinho. - Por isso você olha toda hora para baixo?

- É que todo mundo riu de mim. Ninguém estava nem aí comigo.

- Essas pessoas não eram cavalheiros de verdade. Ainda bem que você não se envolveu com um cafajeste desses. - ele sorriu.

- Foi como se dissessem que eu não tenho direito de estar viva. - as lágrimas não paravam de descer.

- Se alguém nessa história não tem o direito de estar viva seriam as pessoas que disseram isso a você. - Jasper me abraçou e aos poucos eu fui me acalmando.


Por que eu contei tudo para ele? Se eu havia escondido isso de todos até hoje? As palavras e as lágrimas tinham um poder inesperado. Foi como se todo aquele peso que eu escondia a sete chaves dentro de mim fosse lavado de dentro do meu coração. Me senti bem depois disso.

Aquele foi o meu primeiro amor. Prometi para mim mesma que jamais gostaria de outro alguém, para não ter que passar por aquele sofrimento de novo. Escondi meu rosto, disfarcei meu corpo e escolhi roupas que não chamassem a atenção. Achei que assim evitaria me machucar de novo. E eu estava certa, mas só então percebi. O fato é que eu jamais consegui ser feliz desse jeito.

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- 4° dia -


- Olha, olha Alice - Rose me chamou assim que cheguei na escola. - Tem uma promoção boa no shopping da estação. Achei essas presilhas lindas por um bom preço. Acabei comprando um monte.

- Uau! Que gracinhas! - aproximei as presilhas para enxergar.

- Escolhe uma pra você! –

- Sério? Tá podendo, heim? - escolhi a presilha de borboleta.

- Alice, me deixa por no seu cabelo? - Rose parecia encantada com a idéia de me mudar, mesmo que seja um pouco.

- Hã? - eu estava com vergonha.

- Deixa, vai?

- Ah... Bem... - Rose começou a mexer no meu cabelo.

De repente, comecei a pensar o que o Jasper estava fazendo naquela hora. E a curiosidade atiçou a vontade de olhar. Sem óculos, fica tudo embaçado, mas eu queria ver. Fazia tempo que não tinha coragem de olhar para o rosto das pessoas, mas a vontade de saber o que ele estava fazendo venceu nessa hora.

Jasper estava sorrindo para mim, com os olhos brilhando. Eu fiquei com muita vergonha e não consegui mais levantar o rosto, mas não por medo...

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- Jasper, você comeria se eu cozinhasse algo para você? - perguntei, caminhando com ele depois da aula.

- Hã?

- É que eu só vejo você comendo pão. Deve ser muito pouco para te sustentar! E seria uma forma de eu retribuir o que tem feio por mim.

- Ah, não! Não seja por isso! Eu não quero dar trabalho...

- Tudo bem. Preparar um ou dois dá na mesma.

- Não sei o que dizer. Na verdade, já faz um tempo que não como comida caseira, sabe...? É... Sim, ficaria muito feliz! - Jasper parecia constrangido, mas estranhamente contente.

- Faz tempo?
- Sim. Meus pais são muito ocupados e nunca estão em casa. Por isso, eu como no refeitório da escola ou compro comida nas lojas de conveniência. Já faz meio ano que vivo assim.

- Isso faz mal para saúde...

- Antes, quem cuidava de mim era a minha vó, mas ela morreu na primavera.

- Não sabia. Deve ser dureza, né?

- Como? Por quê? Eu não entendo bem dessas coisas. É que eu...

- “Não sou muito ligado no que os outros pensam." - falei e nós dois começamos a rir.

- Eu sou meio estranho, não é mesmo? Só descobri isso depois que me falaram. Deve ser porque convivi muito tempo com a minha avó. Mas foi bem. Pude aprender diversas coisas com uma grande expert da vida. Ela dizia que as pessoas vazias são aquelas que mais gostam de se meter na vida dos outros. Que gente que ouve muito a opinião alheia acaba desgostosa da vida. Que as respostas que você obtém passando por sofrimento são mais valiosas do que obedecer às palavras de 'gente importante’. Por isso eu... Ah, já chegamos à sua casa. - ele me olhou e depois andou alguns passos, até olhar para trás e acenar. - Bem, vou indo. Até segunda.

Senti que o domingo ia se tornar um dia longo e tedioso.


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- 6° dia -


- Jasper! Bom dia!

- Bom dia! Como está?

- Bem. Toma. O prometido. - entreguei a marmita para ele.

- UAU! Muito obrigado! AHHHH! Que saudades da comida caseira! - ele estava quase chorando de tanta felicidade.

- Mas tente comer sem mostrar para os outros, tá?

- Por quê?

- É que o conteúdo é igual ao meu. Se perceberem, vão falar da gente. Mais do que já falam.

- Será?

- Vão, sim.

- Por que será?

- Porque sim!

Jasper nunca ia entender isso, mas era divertido estar ao lado dele. O mais engraçado é que ele ficou feliz!

Estava andando em direção a biblioteca, para devolver o livro que eu peguei sozinha. A minha sorte foi ter feito amizade com ele sem os óculos. Assim, não me deixei levar pela sua aparência.

- Comer ao ar livre é muito bom! - ouvi um cara comentar. Sem a minha visão perfeita, desenvolvi uma audição aguçada.

- Quer dizer que o Jasper tá comendo da comidinha que sua namoradinha fez? Podia dar um pedaço pra gente, né?

- Namoradinha? Bem, ela é minha grande amiga...

- Mas cara, você não tem um gosto muito bom, né? Não querendo dizer nada, você não precisa ficar com uma mina daquelas. Você podia pegar coisa melhor.

Nesse instante, senti meu coração se despedaçar de novo, mas pelo barulho que se fez lá fora, percebi que Jasper havia brigado com o menino que falou isso. Olhei pela janela e consegui ver um vulto caído no chão.

- Não quero mais saber de vocês. - Jasper disse e continuou comendo.

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- 7° dia (último dia)


- Bom dia! - cumprimentei minhas amigas.

- Bom dia! - falou Bella.

- Oiiie, Alice! Jasper! - Rose sorriu. - Ali, você tá tão diferente...

- Né? Boa menina, boa menina. - disse Bella.

- Vocês acham? E isso é tudo graças ao meu amigo Jasper.

- Sim, sim, sim. - elas concordaram.

- Eu? Mas eu não me lembro de ter feito nada!

- E ele não percebe... - comentei.

- Pois é... - elas concordaram de novo.

E enfim. Chegou a hora da despedida.

- Ah, depois de uma semana estou enxergando! - falei, depois de colocar meus óculos.

- Eu estou aliviado por ter cumprido minha missão. Então... De novo, lamento o ocorrido. - Jasper parecia meio triste.

- Não foi nada. Obrigada por tudo. Vou cozinhar de novo para você.

- Obrigado. Nos vemos amanhã. - ele deu tchauzinho pra mim.

Tudo aconteceu em apenas uma semana. Mas foram dias muito mais proveitosos que meses e anos. Engraçado como ninguém mais me chamou de feia desde então. Se bem que isso não me incomodava mais. Hoje, dois meses depois, aqueles dias de sofrimento parecem mentira.

- Alice! - Jasper chamou. Estávamos saindo da escola e chovia muito. - Com licença, podia me dar uma carona?

- Lógico, vamos. - tantas coisas mudaram. Até eu mudei! Troquei meus óculos por lentes de contato.

Eu e Jasper continuamos bons amigos. Às vezes voltamos para a casa juntos. Na verdade, eu tenho uma paixão por ele, mas Jazz me parece tão alienado a essas coisas de namoro e amor que eu resolvi esperar a melhor hora para falar.

- Alice, aquela lasanha que você fez outro dia estava uma delícia!

- É mesmo? Posso fazer de novo para você.

- Eu também gostei da salada de frango desfiado e pepino.

- Trago isso também.

- Nada de cozinhar para outro homem, além de mim, heim?




The End


sábado, 11 de setembro de 2010


Seu cabelo fluía graciosamente pelas suas costas nuas e pálidas. Ela emanava uma aura densa e atraente, uma sedução sobrenatural e soturna. Eu precisava tê-la naquela noite de qualquer jeito.

Engoli seco ao vê-la beber seu sakê, seus lábios finos e habilmente pintados pelo batom vermelho fizeram minhas pernas tremerem. Ainda bem que eu estava sentado, minha queda teria me causado um grande constrangimento.

Seu olhar penetrante me hipnotizou, parecia poder ler a minha alma por completo, senti-me nu e desprotegido perante sua confiança e tranquilidade, como uma criança perante um adulto ou como um animal assustado.

Os dedos finos e longos brincavam com a piteira prateada; ria serenamente de alguma trivialidade vinda de sua própria mente. Como uma mulher como aquela poderia estar sozinha numa noite quente como essa? E como um homem como eu conseguiria fazer com que ela me notasse entre tantos outros jovens interessantes e bonitos?

Mais uma dose, é disso que eu preciso para ganhar coragem. Mais uma dose e eu viro o homem ideal. Mais uma dose e eu acordo de ressaca pela manhã sem ter falado com ela.

Meus dedos dos dos pés pressionaram as solas dos meus sapatos, eu já estava alterado por culpa da bebida, no entanto não entendia essa reação do meu corpo. Senti-me embriagado, o perfume dela cuidava disso, e eu tinha a certeza de que ela poderia me fazer o trabalhador fracassado mais feliz do universo, era como se ela pudesse atender a todos os meus desejos num piscar de olhos.

Fitei o balcão do bar apreensivo, cerrei os punhos, vi meu reflexo na pedra negra onde me apoiava, meu corpo marcava-a com um círcula de água. Encolhi meus braços quando alguém sentou-se ao meu lado. Aquela presença, aquele perfume inebriante, moveu-se como se mal tocasse o chão, não ouvi passos, seus movimentos seguiam o compasso de uma música inexistente que fluía pelo ar. Subitamente a atmosfera do bar tornou-se menos densa e abafada.

"Você acredita em sorte, não é mesmo?"

Um sorriso discreto e sereno brincava em seus lábios finos e vermelhos, de longe eu não havia percebido o quão negros eram seus cabelos e nem o quanto ela era bonita.

Não soube o que dizer, minha voz sumira da garganta, uma autossabotagem causada pela minha estúpida timidez. Pisquei estupefato, ela era estonteante e a sua aura soturnamente sedutora me enfeitiçava. Senti-me mais leve mesmo suando furiosamente enquanto ela me analisava com seus olhos penetrantes.

Respondi que sim, envergonhado. Disse-me que não havia razão para me envergonhar, que a sorte era um elemento fundamental para o ser humano, alimenta a nossa fé. Foi então que percebi como sua voz fluía para dentro dos meus ouvidos como se os acariciasse e mexia fundo comigo. Eu estava totalemente vulnerável a qualquer capricho dela e uma parte pequena de mim não gostava muito disso. No entanto não me importei, sempre fui muito desconfiado das pessoas, só que resolvi calar minha insegurança, perderia tempo demais analisando a situação. Não queria que ela fosse embora.

Era madrugada quando finalmente saímos do bar. Mesmo após beber tanto sakê ela permanecia com a postura elegante, movia-se como um felino. Ela tinha um colar de borboleta contrastando com o pálido colo, a roupa justa e decotada evidenciava seu esguio e maravilhoso corpo. Corpo esse que seria meu a qualquer custo. Olhava-me de soslaio como se adivinhasse meus impuros pensamentos e aquele mesmo sorriso brotou em seus lábios vermelhos novamente.

Sussurrou em meu ouvido que aquilo teria um preço.

Meus membros estremeceram por completo ao ouvir seu timbre de voz tão perto de mim. Seus dedos pousaram em meu queixo e seu olhar me hipnotizou por completo, aquela feiticeira me tinha a sua mercê e não me senti nem um pouco mal com isso. Já havia reprimido a minha insegurança sem sentido.

Ela me disse que as pessoas a procuravam quando tinham desejos a serem atendidos, para ela nada era impossível e me perguntou se eu estaria apto a pagar o preço que fosse para ter a minha vontade realizada.

Aquele "sim" foi a melhor palavra que já disse em toda a minha vida

--x--

A luz forte do sol cegou seus olhos, sentiu o vento da manhã afastar o lençol de seu corpo, viu as roupas espalhadas pelo chão, suas roupas. "Quando foi que as tirei", pensou. Sua cabeça girava um pouco, sabia que não deveria ter bebido tanto. Esfregou os olhos tentando se lembrar de algo da noite passada. Nada. Uma lacuna total.

Foi quando notou algo no travesseiro ao seu lado. Uns poucos e longos fios de cabelo, o cabelo mais negro que ele já tinha visto. Contrastavam perfeitamente com o branco da fronha e aquele cheiro...

"Quem foi a mulher que se deitou comigo?". Ele jamais saberia, pois tudo o que tinha era apenas longos e lindos fios de cabelo e aquele perfume inebriante que se mistura a sua pele.

--x--

- Nunca vou te esquecer...

- Acredite, você vai sim - aquele mesmo sorriso sereno e discreto foi a última coisa que vi antes de aninhá-la nos meus braços e cair no melhor sono que já tive em toda a minha vida. Foi como se algo tivesse sido apagado de minha mente.